Naveguei durante os últimos três meses por idéias brilhantes de Humberto Maturana, Thales Guaracu , Cristina Ramalho, B.F.Skinner , dentre outros. Pude mergulhar definitivamente em questões até então passadas e não percebidas ou simplesmente passadas, vivenciadas e ignoradas. Ao estudarmos a biologia da educação, pelo menos da forma que foi abordada no curso de Docência do Ensino Superior, temos a idéia de que precisaríamos nascer novamente e iniciar a vida vivenciando exatamente as “dicas” destes maravilhosos autores. Passei a entender que cabe aos professores e professoras contextualizar o assunto , de forma a atingir os objetivos das aulas linguajeando com seus alunos, sim , diferentemente daquilo que nos acostumamos a ter em toda a nossa vida. Uma pessoa na frente da turma, imbuída de toda a responsabilidade de mudar uma cultura ou até mesmo criar uma cultura, sem deixar alguém falar o que sente ou o que vivencia. O Professor ou a professora precisa comunicar-se de forma objetiva e clara , com objetivos definidos e discutidos perante a sua turma visando exatamente diminuir quaisquer dúvidas que possam estar presentes na hora de fechar um pensamento ou um ciclo. As formas de avaliação devem ser “negociadas” ou simplesmente anunciadas muito claramente para evitar-se a educação bancária, a qual ainda prospera a cada dia devido exatamente a falta de capacitação. A biologia do desenvolvimento nos mostra que desde muito pequeno o que realmente nos faz aprender algo é a emoção. Passei a questionar-me diuturnamente o que seria realmente uma finalidade na educação a não ser que a emoção impacta diretamente no aprendizado e que a emoção pode aparecer de forma alegre ou contundente,mas precisa existir o amor ou o ódio (momentâneos), ao contrário será apenas mais uma aula. Pude ainda aprender a entender o que seria o aprender? Na realidade é estar com o outro porque o nível de aprendizado está intimamente ligado ao aceito do outro como legítimo. Passei a entender de fato material jamais visto em toda minha vida tais como auto poiese ( tradução de si mesmo, característica essencial do indivíduo e processo de construção do intelecto) que se dá no contexto e na relação,ou seja, não adianta o sujeito educar-se se o sistema também não se educa , inteligência, contexto e relação, acoplamento estrutural.
A maior surpresa realmente foi entender a distinção entre Educação e aprendizagem: explica-se que a primeira indica um posicionamento do homem no mundo e a segunda é o fato do indivíduo ser condicionado a alguma coisa. Como sou muito ligado a pessoas em meu local de trabalho, este entendimento caiu como uma luva e abrilhantou de forma bastante abrangente o todo. Não poderia deixar de citar a teoria da membrana a qual menciona que diante do novo, assimilamos e acomodamos, ou seja, a memória se recicla constantemente desde que as idéias venham de fora para dentro, ou seja , o conhecimento não é transmitido ou exposto mas sim construído a partir da interação.
Finalizando, eu poderia citar diversas aulas deste período, porém, o mais brilhante foi realmente a felicidade que particularmente eu sentia para poder me fazer presente durante cada uma das aulas de Biologia da educação. Certamente que o tempo é curtíssimo para se entrar mais profundamente na matéria, porém, serviu para balançar as minhas estruturas de vivência em área empresarial e sinceramente não consigo vislumbrar um cenário positivo da prática proposta durante o período em praticar a biologia do amor numa sala de aula tanto de ensino superior ou qualquer outra, se prevalece cada vez mais a eficácia financeira em detrimento de qualquer outra métrica que possa vir a avaliar o formando em qualquer que seja o curso, inclusive pós graduação. A parte de sobrevivência da entidade está muito mais ligada a valor financeiro que apresentar ao Brasil um grupo de estadistas. Verifica-se ao longo dos últimos 200 anos que não se tem notícias de um “ícone” nascido em salas de aulas a não ser profissionais frios e calculistas da área financeira. Parafraseando o grande Mestre Celso Sanchez, vamos aguardar com esperança e indignação que as coisas se proliferem de forma positiva e que possamos colher bons frutos brevemente.
domingo, 16 de setembro de 2007
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